Estudo de Captação de Fundos em 2024

Por Thatiane Oliveira

Em 2024, a captação líquida dos fundos de investimento tem refletido um cenário de desafios e oportunidades no mercado financeiro. Com a volatilidade dos juros, incertezas econômicas e mudanças regulatórias, os investidores buscam estratégias mais planejadas e alinhadas ao seu perfil de risco.

Enquanto algumas classes de fundos registram resgates expressivos, outras se beneficiam do apetite por ativos mais rentáveis. Neste contexto, entender os movimentos de entrada e saída de recursos nos fundos é essencial para interpretar as tendências do setor e os impactos no ecossistema de investimentos.

O contexto se confirma com a indústria de fundos apresentando captação líquida total negativa em 313,9 bilhões no ano de 2024. O destaque está nos fundos multimercados, que registrou captação líquida negativa em todos os meses do ano.

Fluxo de Captação Líquida

Considerando a movimentação do mercado financeiro em 2024, a atuação dos fundos no primeiro semestre de 2024 registrou fluxo de entrada de recursos em 59,3 bilhões, sendo 137,2 bilhões dos fundos de renda fixa e 13,3 bilhões dos fundos de previdência. A única classe de fundos que registrou fluxo de recursos negativo são os fundos multimercados. Os fundos de renda fixa não tiveram meses de baixa no semestre, os fundos de ações permaneceram sem definição quanto aos movimentos dos recursos, pois registraram captação líquida positiva no semestre em 500 milhões.

O fluxo de retirada de recursos na indústria de fundos foi mais intenso no segundo semestre do ano. A saída de recursos totalizou 373,2 bilhões de reais apenas nesse período. Houve saldo de captação líquida negativa para todas as classes de fundos, com destaque para os fundos multimercados, que registraram saída de recursos em 237,8 bilhões. O destaque negativo desde o início do ano são os fundos multimercados, que somaram no ano 329,5 bilhões em retirada de recursos. os fundos de ações também sofreram baixas significativas, com retirada de recursos em 23,9 bilhões de reais.

Considerando os fundos estruturados na amostra, a indústria permanece com fluxo de retirada de recursos, em virtude da grande influência dos fundos multimercados. O total da indústria apresenta retirada de 309 bilhões de reais, muito em linha com a análise realizada anteriormente. O destaque dos fundos estruturados está nos fundos de participação, que tiveram captação líquida positiva em 2,8 bilhões.

Fluxo de Cotistas

Com o volume de recursos que foram movimentados no mercado de fundos de investimentos durante 2024, precisa-se entender se este movimento também afetou a quantidade de cotistas.

O 1T2024 apresentou fluxo crescente de cotistas, em média o trimestre apresenta 25,46 milhões de cotistas na indústria. Os fundos de renda fixa foram responsáveis por essa crescente no volume de cotistas. Já no 2T2024, houve decréscimo na quantidade de cotistas, sendo a média do trimestre 25,86 milhões de cotistas, ainda superior ao trimestre anterior. Essa redução foi causada em grande parte pelos fundos multimercados.

O 3T2024 apresentou um novo fluxo crescente de cotistas, com média de 26,2 milhões de cotistas. A Quantidade de cotistas a cada trimestre é movimentada principalmente pelos fundos multimercados e renda fixa. Os fundos de previdência não possuem oscilações consideráveis. Em relação ao 4T2024, houve queda na quantidade de cotistas, apresentando média no trimestre de 26,33 milhões.

Apesar da redução relevante na captação líquida em 2024, os fundos multimercados tiveram redução de 4,44% no número de cotistas, enquanto os fundos de ações reduziram 3,28%. Os fundos de renda fixa fecharam o ano com aumento de 10,00% no número de cotistas, corroborando com a captação de recurso que obtiveram em 2024.

Desempenho

O Índice de Hedge Funds ANBIMA é um parâmetro que mede o desempenho do mercado de fundo. O índice é composto pelos fundos mais representativos do segmento. Para integrar sua carteira, os fundos precisam cumprir critérios específicos. Desta forma, comparou-se o prêmio de mercado do IHFA com os benchmarks mais comuns no mercado financeiro para avaliar como os fundos se comportaram durante o período.

O desempenho do IHFA x CDI mostra que os fundos só tiveram grandes prejuízos em momentos de crise financeira. Em 2008, percebe-se que o índice iniciou com desgaste. Cabe ressaltar que muito do desempenho nesse período pode ser justificado pela crise financeira gerada pela falência do Lehman Brothers. Em 2014, houve queda no índice, provavelmente causada pelas inseguranças do processo de Impeachment. Em 2020, tivemos a Pandemia do COVID-19, que causou grande turbulência no mercado financeiro.

Nos últimos dois anos, o índice permanece em queda contínua sem causa pontual, mas por uma convergência de fatores políticos e econômicos que direcionam o mercado para um efeito de crise doméstica. Inclusive, todos os demais gráficos convergem para a mesma situação. O prêmio do IHFA sobre o IMA-B demonstra o quanto a inflação afetou o desempenho do mercado de fundos.

O prêmio sobre o IBOV auxiliou na comparação de comportamento com o mercado de ações, que em tese deveria apontar melhores resultados, já que ações, fundos e títulos públicos são bem representativos na composição de carteira de fundos de investimento. Contudo, o índice apresentou desempenho abaixo do esperado, retratando uma realidade difícil. O IRF-M reforçou os resultados encontrados na comparação com o IMA-B, entendendo que a inflação potencializou as perdas de resultado dos fundos de investimentos.

Apesar das dificuldades e desafios enfrentados nos últimos anos, a indústria de fundos permanece entregando Sharpe médio de 0,36, ou seja, os fundos multimercados geraram um retorno ajustado ao risco acima da taxa livre de risco. A variação do índice de Sharpe, com um desvio padrão de 1.45 e uma faixa que vai de -3.23 a 5.59, apresenta uma performance volátil ao longo do tempo, influenciada tanto por períodos de mercado favoráveis quanto por crises globais e recessões domésticas.

O presente estudo não considerou os fundos que não abriram a carteira até janeiro de 2024. Além disso, foi utilizada a data base de 31 de janeiro de 2024 para as informações do percentual investido em cotas de fundos para cálculo captação líquida sem dupla contagem de recurso.

Esse estudo foi elaborado com a base de dados e o ferramental da Economatica, uma plataforma reconhecida pela sua confiabilidade e abrangência no mercado financeiro. Com acesso a séries históricas, composições de carteira, indicadores de risco e retorno, entre outros dados cruciais, a Economatica possibilita uma análise aprofundada e precisa.

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