Por Suelen Leal
O ano de 2025 apresenta um cenário macroeconômico desafiador e cheio de oportunidades, especialmente para investidores interessados em empresas boas pagadoras de dividendos. Diante de um ambiente influenciado por fatores como aumento da inflação, disparada da cotação do dólar e perspectivas de aumento na taxa de juros, identificar empresas que podem se destacar na distribuição de dividendos tornou-se uma tarefa estratégica.
Este estudo tem como objetivo destacar as melhores candidatas ao pagamento de dividendos em 2025, oferecendo uma análise abrangente que considera aspectos históricos de vários indicadores como:
Além disso, o estudo examinará setores resilientes e aqueles mais sensíveis às mudanças econômicas, permitindo ao investidor compreender onde estão as oportunidades e os desafios. Este trabalho busca oferecer um panorama claro e objetivo para quem deseja posicionar-se de forma estratégica em um portfólio orientado por dividendos em 2025.
Ao final, esperamos fornecer uma ferramenta valiosa para investidores que buscam maximizar retornos e aproveitar as melhores oportunidades.
Impacto macroeconômico no resultado das companhias
Os resultados das companhias, que precedem a distribuição de dividendos, são influenciados tanto pela eficiência de sua gestão interna quanto pelo cenário macroeconômico em que estão inseridas. Para uma análise mais completa, é essencial considerar o contexto atual, avaliando indicadores como o IPCA (inflação doméstica), a cotação do dólar e as projeções para as taxas de juros futuras.
IPCA e dólar
Curva de juros
O cenário macroeconômico atual caracteriza-se por uma forte pressão inflacionária, refletida na ascensão do acúmulo anualizado do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), principal indicador da inflação no Brasil. Esse movimento é exacerbado pela significativa valorização do dólar no último ano, que impacta diretamente os preços de produtos importados e matérias-primas, como combustíveis, alimentos e insumos industriais, alimentando ainda mais a inflação. Esse efeito, conhecido como “pass-through cambial”, agrava os custos para empresas e consumidores, reduzindo o poder de compra da população. Em resposta a esse ambiente desafiador, a curva de juros já precifica taxas superiores a 15% para 2026, evidenciando a expectativa de manutenção de uma política monetária restritiva por um período prolongado. Tal cenário reflete os esforços do Banco Central para conter as pressões inflacionárias, mesmo que isso signifique desaceleração econômica e encarecimento do crédito. A combinação desses fatores cria um ambiente desafiador para empresas e investidores, que precisam lidar com custos crescentes, demanda interna enfraquecida e maior seletividade em alocações financeiras.
Setores possivelmente beneficiados
Em cenários de inflação alta, juros elevados e dólar valorizado, setores ligados a commodities e energia tendem a ser mais beneficiados, pois suas receitas estão frequentemente atreladas ao mercado internacional, que utiliza o dólar como referência. Empresas exportadoras desses setores veem suas receitas aumentarem em moeda local, enquanto os preços das commodities, ajustados pela inflação global, preservam suas margens de lucro. Além disso, o caráter essencial de energia e commodities garante uma demanda mais resiliente, mesmo em períodos de desaceleração econômica.
Por outro lado, setores como consumo discricionário e imobiliário enfrentam desafios consideráveis. O consumo discricionário, que abrange produtos e serviços não essenciais, sofre com a redução do poder de compra das famílias e o encarecimento do crédito, fatores agravados pelos juros elevados. Isso desencoraja gastos com bens de alto valor, como eletrônicos e automóveis, e reduz a demanda por lazer e luxo. No setor imobiliário, a elevação das taxas de juros torna os financiamentos mais caros, afastando compradores e impactando diretamente a construção civil. Além disso, a alta nos preços de insumos decorrente da valorização do dólar pressiona os custos, dificultando a execução de novos projetos.
Setores com histórico consistente no pagamento de dividendos
Empresas dos setores de utilities (serviços públicos, como energia elétrica, gás e água) e do setor financeiro são amplamente reconhecidas como boas pagadoras de dividendos. Isso ocorre porque ambos os setores possuem características que garantem estabilidade e previsibilidade em seus fluxos de receita, mesmo em cenários econômicos adversos. No caso de utilities, a demanda por serviços essenciais tende a permanecer constante, independentemente de crises ou períodos de expansão econômica, tornando essas empresas mais resilientes. Já o setor financeiro, que inclui bancos e seguradoras, é beneficiado por margens operacionais elevadas e pela capacidade de se ajustar rapidamente às condições de mercado, como taxas de juros ou inflação, garantindo sua lucratividade e política de dividendos consistente.
Para entender a relevância de cada setor na distribuição de dividendos, foi realizada uma análise consolidada, levando em conta os dados do IDIV (Índice Dividendos BM&FBovespa). Este índice é composto por empresas que se destacam no pagamento de dividendos, e sua composição reflete o peso das companhias listadas. A análise considerou o dividend yield apresentado por cada empresa ponderado pelo peso das empresas no índice. Isso permitiu identificar a contribuição relativa de cada setor na geração de renda para os acionistas.
Essa análise reforça que setores essenciais, como utilities e financeiro, têm papel predominante na distribuição de dividendos. Sua estabilidade e consistência são especialmente atrativas para investidores focados em renda passiva e estratégias de longo prazo.
Rankings
Iremos construir alguns rankings a partir de critérios estabelecidos para indicar empresas candidatas a boas pagadoras de dividendos para 2025 e ao final deste estudo apresentamos um ranking com a combinação da pontuação para estabelecer as melhores candidatas ao pagamento de dividendos em 2025.
Os critérios utilizados para que as empresas fossem incluídas em nossos rankings foram os seguintes:
Média do dividend yield dos últimos 5 anos
Observar a regularidade do percentual de dividendos pagos ano a ano é importante para destacar as empresas que possuem consistência histórica e serão boas candidatas para colocar na carteira de dividendos para o longo prazo.
Além dos setores de energia, água e saneamento, mineração, petróleo e gás, e financeiro, que dominam a maior parte do ranking, também identificamos ações de outros segmentos entre aquelas com as maiores médias de dividend yield ao longo dos últimos cinco anos. Esses setores incluem químicos, automóveis, construção civil, siderurgia e metalurgia, agropecuária, previdência e seguros, além de vestuário e calçados. Essa diversidade setorial demonstra que, embora os setores tradicionais de distribuição de dividendos tenham forte predominância, empresas de outros segmentos também se destacam por oferecer retornos atrativos aos seus acionistas, reforçando a importância de uma análise abrangente e diversificada na composição de uma carteira orientada para dividendos.
Volume financeiro
Observar as empresas que mais distribuíram dividendos em volume financeiro ao longo dos anos é uma abordagem estratégica para identificar oportunidades de investimento em negócios sólidos, lucrativos e confiáveis. Esse histórico permite ao investidor selecionar empresas com potencial de gerar renda passiva consistente e reduzir os riscos associados a empresas menos previsíveis ou instáveis.
Selecionamos as 20 empresas que distribuíram os maiores volumes de dividendos ao longo dos primeiros três trimestres de 2024.
Os maiores volumes de dividendos distribuídos no mercado brasileiro tendem a vir das maiores empresas listadas na bolsa, o que não é surpreendente. Isso se deve ao fato de que essas empresas, além de serem altamente lucrativas, geralmente possuem modelos de negócios sólidos e consolidados, com grande capacidade de geração de caixa e margens operacionais robustas. Esse perfil permite que elas mantenham políticas consistentes de distribuição de dividendos, mesmo em cenários macroeconômicos desafiadores.
Ao analisar os dados, setores como financeiro, mineração, petróleo e gás, previdência e seguros e telecomunicações se destacam como grandes contribuintes para os volumes de dividendos. O setor financeiro, por exemplo, é conhecido por sua alta lucratividade, especialmente em períodos de juros elevados, o que beneficia bancos e seguradoras. Já os setores de mineração e petróleo e gás são impulsionados pela valorização das commodities no mercado internacional, enquanto o setor de telecomunicações se beneficia de receitas recorrentes e estáveis, características de serviços essenciais.
Essa predominância setorial reflete não apenas o tamanho dessas empresas, mas também sua capacidade de alinhar crescimento e rentabilidade com políticas de remuneração aos acionistas. Para investidores focados em renda passiva, esses setores continuam sendo pilares importantes para uma carteira orientada à geração de dividendos.
Média histórica de dividendos distribuídos + valor do P/L
Comprar ações com preços baixos em relação à boas perspectivas na distribuição de dividendos aumenta o retorno percentual sobre o capital investido, portanto, vamos conferir quais as ações com dividend yield histórico superior à média possuem os menores P/L atuais.
Ranking final
Para construir o ranking final, somamos as pontuações atribuídas a três indicadores: o dividend yield (DY) de 2024, a média de DY dos últimos 5 anos, e o P/L (preço/lucro).
Os critérios de pontuação foram os seguintes:
Para o DY de 2024 e a média de DY de 5 anos, os valores foram organizados em ordem decrescente, e as pontuações foram atribuídas de forma crescente, começando por 1 para o maior valor.
Para o P/L, os valores foram ordenados em ordem crescente, e as pontuações também foram atribuídas de forma crescente, com 1 para o menor valor.
Assim, o ranking final destaca as ações com as menores somas de pontuação como as melhores candidatas ao pagamento de dividendos, conforme os critérios estabelecidos.
Confira o ranking a seguir:
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