Evolução dos BDRs no Brasil: Desempenho, Setores e Líderes de Negociação (2007-2024)

Por Suelen Leal

Desde sua popularização em 2007, o mercado de BDRs (Brazilian Depositary Receipts) no Brasil tem apresentado um crescimento significativo. Esse movimento ganhou ainda mais força em 2020, quando a B3 liberou a negociação desses ativos para investidores pessoas físicas, ampliando o acesso e consolidando os BDRs como uma alternativa atrativa para quem busca exposição internacional sem sair do mercado local.

Este estudo analisa a evolução dos BDRs ao longo dos últimos 17 anos, abordando a trajetória histórica em termos de quantidade de ativos e volume de negociação. A pesquisa também examina a concentração setorial, destaca os papéis mais negociados no período e apresenta a distribuição dos BDRs com base no país de origem das empresas emissoras, oferecendo uma visão abrangente sobre o crescimento e a diversificação desse mercado.

Evolução da Performance

Analisamos o desempenho acumulado do índice BDRX desde sua criação em 2010 e observamos movimentos significativos ao longo dos anos. Em 2020, o índice sofreu uma retração devido aos impactos da pandemia de Covid-19, que trouxe incertezas globais e afetou os mercados financeiros. No entanto, o BDRX se recuperou rapidamente, superando os patamares anteriores e retomando sua trajetória de alta.

Em 2022, o cenário econômico adverso pressionou o índice. O aumento das taxas de juros pelos bancos centrais para conter a inflação, somado às incertezas geopolíticas — como a guerra na Ucrânia — e os temores de uma recessão global, resultaram em uma queda significativa. O BDRX encerrou o ano com desempenho negativo, marcando a primeira retração anual desde 2016.

Por outro lado, 2024 foi um ano de forte recuperação. O índice registrou seu melhor desempenho desde a criação, impulsionado por fatores como a valorização do dólar e o forte desempenho de empresas internacionais, consolidando-se como uma alternativa robusta para investidores brasileiros em busca de exposição global.

Quantidade de BDRs Ativos

A expansão do mercado de BDRs (Brazilian Depositary Receipts) é evidente no expressivo crescimento do número de ativos e no aumento do volume financeiro negociado ao longo dos anos. Um dos principais marcos dessa trajetória foi a abertura do segmento para investidores não qualificados em 2020, impulsionando significativamente o acesso e a liquidez desses papéis.

Após a liberação da negociação de BDRs para pessoas físicas pela B3, observou-se um crescimento impressionante de quase 200% na quantidade de BDRs ativos, saltando de 228 em 2019 para 671 em 2020. Esse aumento foi acompanhado por um avanço substancial no volume financeiro negociado, que passou de aproximadamente R$ 3 bilhões em 2019 para R$ 20 bilhões em 2020.

O crescimento consistente continuou ao longo dos anos e, em 2024, o mercado atingiu um novo recorde histórico, com o volume negociado alcançando a marca de R$ 101 bilhões no ano.

Distribuição por Setor de Atividade

O perfil setorial dos BDRs evoluiu significativamente ao longo dos anos, refletindo a diversificação e o crescimento do mercado. O setor de Serviços Financeiros e Seguros manteve sua liderança em volume de ativos desde o início, registrando um acréscimo relevante no número de BDRs e consolidando sua posição no topo em todos os anos analisados.

O setor de Indústria Manufatureira também apresentou estabilidade ao longo do período, mantendo-se consistentemente como o segundo maior setor em volume de BDRs ativos na bolsa brasileira.

Um destaque importante foi o setor de Comércio Varejista, que, até 2019, possuía um número de BDRs inferior ao setor de Mineração. No entanto, em 2020, o varejo superou a mineração em quantidade de ativos e, desde então, consolidou-se como o terceiro setor com o maior volume de BDRs ativos.

Vale ressaltar que esses três setores — Serviços Financeiros e Seguros, Indústria Manufatureira e Comércio Varejista — atingiram seus picos em termos de quantidade de BDRs ativos em 2022.

Distribuição por País sede

Embora os Estados Unidos ainda liderem em número de empresas com sede no país cujos BDRs são emitidos no Brasil, a participação de companhias de outros mercados, como Europa, Ásia e Canadá, tem crescido de forma expressiva ao longo dos anos. Esse movimento contribuiu para a ampliação da diversidade geográfica dos BDRs disponíveis na bolsa brasileira, proporcionando aos investidores locais um portfólio mais variado e oportunidades ampliadas de diversificação internacional, com acesso a diferentes setores e economias globais.

BDRs com Maior Volume de Negociação em 2024

Empresas dos setores de tecnologia, finanças e consumo lideraram o volume de negociações entre os BDRs em 2024, refletindo o forte apetite dos investidores brasileiros por ativos internacionais em segmentos estratégicos e inovadores.

O destaque do ano foi a NVIDIA, impulsionada pelo crescimento exponencial da demanda por inteligência artificial e semicondutores. Inter & Co e XP Inc. também se destacaram no setor financeiro. Tesla e MicroStrategy chamaram a atenção pelos avanços em mobilidade elétrica e pelas exposições em criptomoedas, respectivamente.

Gigantes do setor de tecnologia, como Microsoft e Coinbase Global, mantiveram forte liquidez, impulsionadas pela consolidação de serviços em nuvem e o crescimento do mercado de criptoativos.

A trajetória dos BDRs (Brazilian Depositary Receipts) no Brasil desde 2007 demonstra não apenas o amadurecimento do mercado, mas também a crescente busca dos investidores por diversificação geográfica e setorial em seus portfólios. Em 2024, os BDRs se consolidaram como uma opção estratégica para quem busca exposição internacional, proporcionando acesso a uma ampla gama de oportunidades em diferentes setores e mercados globais, tudo sem sair da bolsa brasileira.

Este estudo apresenta uma análise da evolução e das principais tendências que moldam o mercado de BDRs, oferecendo insights valiosos para investidores e profissionais do setor. A pesquisa destaca a importância dos BDRs como uma alternativa eficiente para diversificação, permitindo que investidores brasileiros ampliem suas possibilidades de investimento além das fronteiras nacionais.

Contudo, é essencial considerar os riscos associados a essa classe de ativos, como as variações cambiais e as condições macroeconômicas dos mercados estrangeiros, que podem impactar diretamente a performance dos BDRs. Avaliar cuidadosamente esses fatores é fundamental para uma alocação estratégica e equilibrada em ativos internacionais.

Esse estudo foi elaborado com a base de dados e o ferramental da Economatica, uma plataforma reconhecida pela sua confiabilidade e abrangência no mercado financeiro. Com acesso a séries históricas, composições de carteira, indicadores de risco e retorno, entre outros dados cruciais, a Economatica possibilita uma análise aprofundada e precisa.

Caso deseje personalizar o estudo e seja usuário da nossa solução, entre em contato com nosso suporte pelo telefone (11) 4081-3800 ou pelo e-mail info@economatica.com.br para que possamos lhe auxiliar na elaboração do seu estudo, conforme suas necessidades. Se ainda não for usuário da nossa plataforma, solicite-nos um trial.






ESTUDOS RELACIONADOS

Evolução da Performance do Índice BDRX (2010 &#…

Por Suelen Leal O mercado de BDRs (Brazilian Depositary Receipts) tem se...

Leia mais

6 de março de 2025 | Por Economatica

Evolução dos BDRs no Brasil: Desempenho, Setores…

Por Suelen Leal Desde sua popularização em 2007, o mercado de BDRs...

Leia mais

27 de fevereiro de 2025 | Por Economatica

Estudo de Captação de Fundos em 2024

Por Thatiane Oliveira Em 2024, a captação líquida dos fundos de investimento...

Leia mais

18 de fevereiro de 2025 | Por Economatica