Panorama dos Resultados Financeiros da B3: 3º Trimestre/2024

Por Suelen Leal

O mercado financeiro é um reflexo direto da saúde e das estratégias das empresas que o compõem. Para entender as dinâmicas de crescimento e eficiência operacional das companhias listadas na bolsa, analisamos seus resultados consolidados e os principais indicadores financeiros que traduzem performance e sustentabilidade.

Este estudo apresenta uma visão dos dados financeiros consolidados das empresas da bolsa, com destaque para:

• Indicadores de Margem: Uma análise detalhada da margem líquida e do EBITDA, refletindo a eficiência das empresas em transformar receitas em resultados positivos.
• ROE (Return on Equity): Uma métrica fundamental para avaliar a rentabilidade do capital próprio e a capacidade de geração de valor para os acionistas.
• Crescimento de Receita, Lucro e EBITDA: Uma perspectiva sobre a evolução dos resultados operacionais e financeiros ao longo do período analisado.
• Fluxo de Caixa Livre: Um indicador que revela a saúde financeira das empresas, destacando sua capacidade de honrar compromissos, investir e retornar valor aos acionistas.

Ao longo deste estudo, exploraremos alguns setores e companhias que se destacaram.

Resultado consolidado

Consolidamos o resultado de todas as empresas que apresentaram as informações financeiras para o terceiro trimestre de 2024, com exceção do segmento financeiro que demanda uma análise separada.

Os resultados gerais das empresas, evidenciam um crescimento relevante nas principais métricas em comparação ao mesmo período de 2023:

• Crescimento Geral: Aproximadamente 60% das companhias apresentaram aumento em receita, lucro e EBITDA.
• Fluxo de Caixa Livre: Apesar do crescimento em outros indicadores, somente 43% das empresas registraram melhora nessa métrica, refletindo desafios em alguns setores.
• Indicadores de Margem e ROE: O EBITDA, a margem líquida e o ROE consolidado mostraram evolução positiva, indicando eficiência operacional ampliada em diversos segmentos.

Empresas em destaque

Desenvolvemos uma pontuação baseada na variação de faturamento, crescimento do fluxo de caixa livre e o incremento (diferença percentual em relação ao período anterior) no ROE e na margem EBITDA. A partir dessa análise, criamos um ranking para identificar as empresas com desempenho de destaque nessas métricas.

A Eletrobras se destacou por apresentar variação positiva em todas as métricas, com ênfase no significativo incremento da margem EBITDA. Entre as cinco empresas mais bem avaliadas, três pertencem ao setor de energia elétrica, que apresentaram relevante crescimento tanto no faturamento quanto no fluxo de caixa livre.

No setor de transporte, a Marcopolo chamou a atenção pelo expressivo crescimento do fluxo de caixa livre e do faturamento, além de melhorias consistentes nas demais métricas. Já a Eztec, do segmento de construção civil, registrou variação positiva significativa no faturamento e no fluxo de caixa livre, acompanhada de avanços nos demais indicadores, consolidando-se também entre as empresas de destaque.

Setores em destaque

Apresentamos os principais destaques por setor.

Construção Civil

O setor de construção civil apresentou performance positiva, com destaque para:

• Receita: Crescimento em relação ao terceiro trimestre de 2023.
• Lucro Líquido e Fluxo de Caixa Livre: Ambos superiores ao mesmo período do ano anterior, sinalizando eficiência na geração de resultados apesar de custos pressionados.
• EBITDA Consolidado: Apesar de retração, diversas empresas do setor conseguiram expandir margens líquidas e melhorar o ROE.

Empresa em Destaque: As empresas em destaque, em sua maioria, registraram um crescimento significativo tanto na receita quanto no fluxo de caixa livre. A Viver se destacou em métricas diferentes, registrou avanços significativos no ROE e na margem EBITDA.

Saneamento

O setor de saneamento apresentou crescimento robusto em receita, com 100% das empresas registrando alta no faturamento:

• Lucro Líquido e Margens: A maioria das empresas mostrou melhorias no lucro líquido e EBITDA.
• Margens e ROE: A margem líquida, o EBITDA e o ROE consolidados do setor apresentaram uma melhora significativa.
• Fluxo de Caixa Livre: Embora 43% das empresas tenham reportado crescimento, o consolidado do setor registrou R$ 1,9 bilhões negativos, um ponto de atenção.
• Empresas em Destaque:
  • Orizon: Incremento expressivo na margem EBITDA (52,6% vs. 42,4%) e no ROE (4,9% vs. 0,6%).
  • Ambipar: Crescimento acentuado no fluxo de caixa livre (R$ 688M vs. R$ 1,2M).
  • Sanepar: Avanço significativo no fluxo de caixa livre (R$ 327M vs. R$ 225M).

Energia Elétrica

O maior setor em representatividade da bolsa com 36 empresas ativas apresentou aumento da eficiência em gerar resultado quando verificamos os números consolidados.

• Receita Consolidada: Crescimento de R$ 15,9 bilhões na comparação entre trimestres.
• Lucro Líquido e ROE: Ambos mostraram melhoria significativa, apesar do EBITDA consolidado ser inferior ao do ano anterior.
• Fluxo de Caixa Livre, EBITDA: Mais de 50% das empresas apresentaram crescimento.
• Empresas em Destaque: Três das principais empresas do setor estão presentes no ranking de destaque geral, e a elas se somam a Cemig e a Alupar.

• Cemig: Fluxo de caixa operacional livre cresceu para R$ 4.200M (vs. R$ 1.651M) com margem EBITDA ampliada para 48,8%.
• Alupar: Maior variação de faturamento no segmento, com 37% de crescimento.

O desempenho das empresas listadas na B3 no terceiro trimestre de 2024 reflete um cenário macroeconômico misto. Embora o crescimento do PIB e a inflação controlada tenham proporcionado estabilidade para algumas indústrias, a alta dos juros e do câmbio criaram desafios para outras. Esse panorama heterogêneo foi evidenciado nos resultados financeiros, com setores como energia elétrica e saneamento mantendo uma performance sólida, enquanto outros, mais sensíveis ao custo de capital, apresentaram retrações.

Por fim, os resultados analisados reforçam a importância de estratégias adaptativas por parte das empresas para lidar com os desafios do ambiente macroeconômico. A interação entre variáveis como câmbio, juros e o crescimento econômico deve continuar sendo um ponto de atenção no planejamento das companhias, especialmente em setores mais vulneráveis às oscilações dessas variáveis.

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