Após analisarmos os dados consolidados do terceiro trimestre de 2023 para mais de 360 empresas listadas, conforme estudo divulgado na última semana (3T23 – Consolidado), voltamos nossos olhares para a performance individual das companhias. Neste estudo, iremos destacar quais foram os destaques no trimestre, focando na receita e no lucro. Como base, consideraremos as empresas que fazem parte do índice Brasil (Ibrasil), excluindo empresas do setor bancário e intermediários financeiros, pois apresentam características únicas em seus balanços, distintas de outros setores
Como ponto de partida, vamos compreender a relação entre a receita e o EBITDA, que é um indicador da eficiência com que uma empresa converte receita em lucro operacional. Uma alta proporção de EBITDA em relação à receita sugere que a empresa está gerenciando eficientemente seus custos operacionais e maximizando seus lucros operacionais. Por outro lado, uma proporção mais baixa pode indicar altos custos operacionais ou investimentos estratégicos que podem não gerar lucro imediato, evidenciando que nem sempre a entrada de recursos é necessariamente convertida em lucro.
A Petrobras se destaca com uma alta margem EBITDA em comparação com outros ativos da amostra. Com um EBITDA de 64 bilhões e uma receita de 124 bilhões, a margem é de aproximadamente 51.7%. Isso indica uma notável eficiência operacional, potencialmente impulsionada por preços favoráveis de commodities e uma gestão eficaz de custos.
Em termos de receita, a JBS, que apresenta uma das maiores da amostra, mas tem uma margem EBITDA menor. Com um EBITDA de 5.2 bilhões e uma receita de 91..4 bilhões, sua margem é de cerca de 5.7%, evidenciando margens operacionais mais apertadas no setor de frigoríficos e alimentos, onde as pressões de custo costumam ser maiores.
Para outras empresas, a Vale apresenta uma margem EBITDA de aproximadamente 39.1%, refletindo sua forte posição no setor de mineração e eficiência na gestão de custos e operações. Já a Ambev, com uma margem EBITDA de 32.3%, demonstra eficiência de suas estratégias de branding e as economias de escala alcançadas no setor de bebidas.
A análise da margem EBITDA, oferece uma visão clara da eficiência operacional e da capacidade de gerar lucro a partir da receita. No entanto, para obter uma compreensão mais completa da saúde financeira e do potencial de crescimento de uma empresa, é essencial olhar além do EBITDA e focar no lucro líquido. Este indicador, diferentemente do EBITDA, leva em conta não apenas os custos operacionais, mas também outros fatores financeiros, como impostos, juros e amortizações, oferecendo uma visão mais holística do desempenho das companhias.
A Petrobras, com uma receita de 124 bilhões, registrou um lucro líquido de 26 bilhões, apresentando uma margem líquida de aproximadamente 21.3%. Outra gigante, a Vale, teve uma receita de 51 bilhões e gerou um lucro líquido de 13 bilhões, alcançando uma margem líquida de 26.7%. A Petrorio também se destacou, com uma margem líquida de 40.2%, refletindo a eficiência operacional e um ambiente favorável no setor de commodities no último trimestre.
O Grupo Natura merece atenção especial, tendo alcançado um lucro líquido de 7 bilhões com uma receita menor, de 7,5 bilhões. Essa proporção quase um-para-um é rara e pode indicar ganhos não recorrentes ou outros fatores não operacionais.
A Ambev, com uma receita de 20.3 bilhões e um lucro líquido de 3.9 bilhões, exibiu uma margem líquida de aproximadamente 19.2%, evidenciando sua forte posição no mercado e estratégias operacionais eficientes.
Transitando da análise individual para uma visão macro, chegamos à máxima do mercado de que “o Preço segue o Lucro”. Essa premissa nos leva a questionar até que ponto o lucro líquido das empresas influencia o desempenho do mercado acionário como um todo.
Para investigar essa relação, vamos analisar os dados do IBOVESPA, o principal índice do mercado brasileiro, correlacionando-o com os lucros líquidos acumulados das empresas que o compõem, no período de dezembro de 2018 a setembro de 2023.
Observando o lucro líquido consolidado, o pico foi registrado em junho de 2021, com um valor de aproximadamente R$ 203.7 bilhões, enquanto o ponto mais baixo ocorreu em Março de 2020, com um prejuízo de cerca de R$ -93.8 bilhões. Este período de declínio coincide com o início da pandemia de COVID-19, que impactou significativamente a economia global e, por consequência, a lucratividade das empresas brasileiras.
Analisando a correlação entre o lucro líquido consolidado e o IBOVESPA, notamos que, em geral, há uma tendência de ambos seguirem direções similares. Períodos de alta lucratividade das empresas costumam coincidir com um IBOVESPA elevado. Contudo, é crucial reconhecer que essa correlação nem sempre é perfeita. Em alguns trimestres, observamos divergências entre o lucro líquido das empresas e o movimento do índice, destacando a influência de outros fatores externos no mercado. Esses podem incluir condições macroeconômicas, mudanças regulatórias, dinâmicas políticas globais e até mesmo eventos idiossincráticos que afetam a percepção e o comportamento dos investidores.
Concluindo nosso estudo, é importante ressaltar que os dados financeiros utilizados foram extraídos seguindo o padrão de contas CVM, garantindo a conformidade e a precisão das informações.
Através do uso do ferramental oferecido pela Economatica, foi possível realizar o cruzamento e a análise de dados, proporcionando uma base sólida e confiável para nossas avaliações. Essa combinação de metodologia e ferramentas avançadas permite que analistas e gestores aprofundem suas análises, tanto de forma individual quanto consolidada. Dessa maneira, não apenas entendemos as tendências atuais, mas também fornecemos insights valiosos para investidores, analistas e entusiastas do mercado financeiro.
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